A sessão "Multidisciplinaridade no ensino superior" ocorreu na passada sexta-feira, fruto da parceria entre os cursos de saúde da UBI, graças à criação do U4H.
Isabel Neto, docente do departamento de Ciências Médicas na Universidade da Beira Interior, foi a moderada desta sessão e garantiu estar perante um "tema pertinente" que a desafiou para saber mais, tendo saudado a iniciativa criada pelo United 4 Health: "É importante dar este passo, no sentido em que estão a promover iniciativas que interliguem estes quatro cursos através da multidisciplinaridade nas Ciências da Saúde". A oradora refere que tem sido verificado que o ensino interprofissional tem "potencial para influenciar, positivamente, atitudes e perceções no sentido em que uma colaboração entre diferentes profissionais de saúde aumenta a eficácia nas decisões clínicas" bem como a "qualidade nos cuidados de saúde".
Luís Patrão, Médico no Departamento de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, falou também sobre a importância do ensino interprofissional: "Acho esta iniciativa espetacular e muito interessante". Da sua perspetiva, enquanto profissional de saúde, "tradicionalmente estamos a falar de áreas que não têm trabalhado juntas do ponto de vista da formação (…) Medicina e Enfermagem, por exemplo, têm muita formação em conjunto e existe um paralelismo entre Medicina e Ciências Farmacêuticas" no que respeita à relação entre médico e doente. Numa componente mais teórica, Luís Patrão explica que "percebemos, em algumas áreas, que o nível de conhecimento, num determinado ponto, é comum nos nossos cursos, caso das disciplinas teóricas" exemplificando o Suporte Básico de Vida e a comunicação com o doente quer num Hospital quer num Centro de Saúde.
Mara Guerreiro, Professora de Ciências Farmacêuticas no Instituto Universitário Egas Moniz e na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, admite que a junção das quatro áreas acarreta muitos desafios, sendo crucial "passar da palavra à ação", adaptando "a educação interprofissional de acordo com a nossa cultura" e começando "pelas áreas mais consensuais possíveis, porque quando tentamos implementá-la, é inevitável depararmo-nos com os nossos filtros e preconceitos que estão muito enraizados quando entramos no curso de Medicina, Ciências Farmacêuticas ou de Enfermagem, sendo que cada profissão continua a ter a sua própria cultura", conclui.
Do curso de Ciências Biomédicas, o Professor Eduardo Cavaco explicou que a aprendizagem entre alunos "funciona muito bem e já foi colocado em prática na nossa Faculdade, onde os alunos de Medicina do 4º, 5º e 6º anos são chamados a colaborar nas aulas práticas de Ciências Biomédicas" havendo uma "interação" entre ambos. O docente idealiza "os alunos dos quatro cursos a fazer um projeto conjunto, através da unidade curricular de Bioética", afirmando ser "uma proposta que deixo em cima da mesa para uma prática no futuro".
A Professora Amélia Nunes do curso de Optometria da UBI, confessa que uma maior união dos quatro cursos de saúde da Universidade da Beira Interior "era pensada há muito tempo". A oradora explica que o primeiro obstáculo que enfrentou quando tirou o mestrado na Faculdade de Medicina em Lisboa, foi a "linguagem" e, para quem "vem da área de ciências, deparar-se com uma linguagem clínica é quase um abismo".
Miguel Castelo-Branco, Presidente da Faculdade de Ciências da Saúde, menciona o projeto "Smart Team", relacionado com o tema em discussão, que visa pôr em prática a colaboração em casos clínicos entre estudantes finalistas de Enfermagem, Psicologia, Ciências Farmacêuticas e Fisioterapia, "vendo o papel que cada um assume dentro dos cuidados de saúde", bem como a importância do diálogo entre estes profissionais de saúde.
O próximo evento do núcleo de estudantes de Medicina serão as Jornadas de Gestão em Saúde que terminam esta quinta-feira; o BioMedUBI terá o VII Simpósio "Emprego e Oportunidades em Ciências Biomédicas" no dia 27 de maio; durante esta semana o UBI Pharma irá receber o Lançamento do Gabinete de Voluntariado.
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