No dia 25 de março, teve lugar a 1ª sessão das Tertúlias Liberdade de Abril no Concelho da Covilhã, no Auditório da Biblioteca da UBI, com o tema "A Resistência no Concelho da Covilhã: 1926-1974".
A sessão contou com a presença dos autores do livro Lutaram e Sofreram por Abril: A Resistência no Concelho da Covilhã, António de Assunção e Casimiro dos Santos. Durante a sua intervenção, os autores partilharam os métodos de investigação utilizados, as colaborações com várias pessoas e instituições, incluindo a Torre do Tombo, e as dificuldades enfrentadas, como a falta de registos e a omissão de informações sobre as torturas nos arquivos da PIDE.
Os testemunhos emocionantes de José Pinheiro da Fonseca e Eugénia Proença, e Luís Garra, que recordaram momentos de resistência e sofrimento, tocaram profundamente o público presente. José Pinheiro, que foi torturado na prisão, recordou esses dias, desde o momento da sua captura até à libertação. Descreveu as crueldades a que foi submetido, destacando a "tortura do sono", uma das formas mais brutais de tortura a que foi sujeito. Por sua vez, Eugénia Proença, que tinha apenas 7 anos na altura, partilhou a dor da prisão do seu pai e a luta antifascista vivida na sua terra, Tortosendo. Esta localidade é conhecida pela sua intensa resistência, sendo muitas vezes chamada de "vila vermelha", um reconhecimento da sua importância na luta pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores durante a ditadura. Luís Garra, figura incontornável do sindicalismo na região, relembrou as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores têxteis durante a ditadura, marcadas por condições de trabalho precárias, repressão e perseguição aos que ousavam reivindicar direitos. Com uma trajetória de mais de 40 anos na defesa dos trabalhadores, destacou como a luta pela liberdade não terminou com o 25 de Abril, mas se mantém viva nos desafios laborais e sociais da atualidade.
Alunas da UBI também contribuíram com perspetivas pessoais sobre a liberdade e a resistência. Joana Melo, da AAUBI, falou sobre a luta pela conquista de uma educação acessível e gratuita, enquanto Inês Brandão, aluna de Estudos Portugueses e Espanhóis, emocionou-se ao recordar a prisão do seu avô pela PIDE, evidenciando o impacto profundo da repressão política na sua família.
O evento terminou com um debate sobre os desafios do presente, refletindo sobre as várias formas de fascismo que ainda se manifestam ou assumem novas formas no mundo atual e o papel crucial dos jovens, especialmente dos universitários, na defesa da liberdade e dos direitos humanos.
A sessão foi moderada pela Professora Cristina Viera, docente na Faculdade de Artes e Letras da UBI, que conduziu o debate com grande sensibilidade e competência, sendo também responsável pela moderação da 2ª Tertúlia, a realizar-se no dia 15 de abril, às 14:30, no Auditório da Biblioteca da UBI.