No passado dia 15 de abril, decorreu no Auditório da Biblioteca da UBI a segunda sessão das Tertúlias Liberdade de Abril no Concelho da Covilhã, desta vez dedicada ao tema PIDE: 510 presos do Concelho da Covilhã, título da obra de José António Pinho que serviu de ponto de partida para a reflexão coletiva. O autor partilhou o processo de investigação que deu origem ao livro, sublinhando a dureza das histórias recolhidas, o impacto da repressão vivida e a certeza de que o número de presos ultrapassou largamente os 510 identificados. A sua intervenção, marcada pela memória pessoal, foi um apelo à preservação da verdade histórica.
A tertúlia contou ainda com a presença de Casimiro dos Santos, membro da Comissão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril da Câmara Municipal da Covilhã, que destacou o valor documental da obra e a sua relevância para a memória local. Seguiu-se a intervenção da escritora Teresa Duarte Reis, que evocou a sua experiência de vida no período anterior ao 25 de Abril e refletiu sobre a liberdade enquanto mulher, escritora e jornalista. Leu dois poemas da sua autoria, sentidos e intimistas.
A componente estudantil esteve representada por Afonso Gomes, Provedor do Estudante da UBI, que falou sobre os valores que orientam a sua atuação e a responsabilidade que o cargo implica na defesa da liberdade e dos direitos dos estudantes. Beatriz Costa, aluna do curso de Estudos Portugueses e Espanhóis e Presidente da Assembleia Geral de Membros do NEPEUBI, afirmou-se defensora dos ideais de abril e manifestou o compromisso de continuar a lutar pela sua preservação e divulgação junto da comunidade académica.
A moderação esteve, uma vez mais, a cargo da Professora Cristina Vieira, que conduziu o diálogo com sensibilidade e clareza. O encerramento ficou a cargo do grupo Jograis da Covilhã, que deu voz a textos emblemáticos da resistência, como As portas que Abril abriu, de Ary dos Santos, num momento de grande intensidade simbólica.
No final, abriu-se o debate em torno da dificuldade em mobilizar os jovens para este tipo de iniciativas. Questionou-se o aparente desinteresse, fruto de distrações do presente ou da ideia de que certas realidades já não se repetirão. Foi unânime a ideia de que é urgente repensar estratégias e criar novas formas de aproximação a estas memórias, que continuam a ser essenciais para compreender e proteger o futuro.