O Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da Universidade da Beira Interior organiza a conferência intitulada "ALVALADE, DE FARIA DA COSTA: UMA CIDADE NA CIDADE E OS MISTÉRIOS DE ALVALADE" da autoria do Professor Doutor António Baptista Coelho, Professor Catedrático deste Departamento, a ter lugar na próxima 5ª feira, dia 8 de Maio de 2014, no anfiteatro 8.06 da Faculdade de Engenharia, pelas 14h30m. A entrada é livre.
RESUMO:
ALVALADE, DE FARIA DA COSTA: UMA CIDADE NA CIDADE E OS MISTÉRIOS DE ALVALADE
António Baptista Coelho (*)
Faz-se uma pequena viagem informal e comentada pela cidade bem habitada que é Alvalade, um bairro coeso e que dá coesão a Lisboa, afinal, um bairro integrador e integrado, feito de bom urbanismo e de pequenos e positivos “mistérios.”
Pretende-se, mais do que uma palestra, fazer um comentário encadeado de imagens e de ideias e suscitar alguma discussão sobre urbanismo e habitar de qualidade.
Cardoso Pires escreveu sobre o “mistério de Alvalade”, bairro onde viveu muitos anos e que dizia não ter história, “só comércio, vá lá, bombeiros e escolas para lhe dar alegria” e depois referia que “os jornais dizem que é uma das zonas de mais assaltos em Lisboa, mas não se vê nem sombra de polícia ... E no entanto, à primeira vista tudo é ordem e paz - o mistério de Alvalade está aí” (José Cardoso Pires, “A Cavalo no Diabo”, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1994, pp. 101/2).
E parece haver outros mistérios citadinos e habitacionais em Alvalade. Pois, afinal, tudo começa na identidade de cada bairro ou conjunto urbano significativo e no protagonismo do espaço público, socializador e realmente habitado, articulando edifícios e espaços exteriores em trechos de vida colectiva que dão coesão à cidade.
Não tenhamos dúvida de que o “mistério” de fazer uma cidade estimulante passa por habitar realmente o interior e o exterior desses trechos de vida colectiva e obriga a uma arquitetura residencial urbana bem qualificada, dinamizadora do uso de espaços exteriores sem zonas residuais, geradora de vizinhanças de proximidade com condições naturais de convívio e segurança, marcada e vitalizada por transições agradáveis entre os espaços domésticos e os espaços públicos urbanos, integrando tipologias habitacionais e mistas (integrando equipamentos) diversificadas, diretamente relacionadas com o exterior, com dimensões sociais e físicas equilibradas e com imagens públicas que suscitem apropriação e identidade.
*Arquiteto (ESBAL), doutor em Arquitetura (FAUP), investigador principal com habilitação (LNEC), professor catedrático convidado (UBI).