A Universidade da Beira Interior (UBI) vai distinguir com doutoramentos “honoris causa” Elisa Pinheiro, Ryszard Kowalczyk e António Salvado. As três personalidades receberão a maior homenagem da instituição durante a Cerimónia de Abertura do Ano Académico 2016/2017, que se realiza habitualmente em outubro. A concessão do grau de doutor Honoris Causa foi aprovada por unanimidade na reunião do Senado da UBI realizada na quarta-feira, dia 25 de maio.
Com a entrega do Doutoramento Honoris Causa a Elisa Pinheiro é reconhecido o trabalho de uma das investigadoras mais importantes no estudo do património industrial da Covilhã e principal obreira do Museu de Lanifícios da UBI, que dirigiu até 2011. Para o reitor da UBI, António Fidalgo, a distinção vai além do que fez na instituição.
“A professora Elisa Pinheiro é fundamental não só para a UBI, mas também para toda a memória da Covilhã. Tudo o que é o património industrial da cidade, que neste momento se concretiza no Museu de Lanifícios, tem uma figura que é a professora Elisa Pinheiro”.
Quem também ajudou a construir a história da UBI foi Ryszard Kowalczyk, docente ao longo de 19 anos, na área da Engenharia Civil. Em 1992, foi um dos vários professores que vieram da Polónia para a instituição, onde desempenhou ainda os cargos de diretor de curso e presidente do Departamento de Engenharia Civil. Deixou a UBI em 2009, para voltar para a Polónia.
“É uma figura de renome internacional”, descreve António Fidalgo. O reitor lembra que Ryszard Kowalczyk já recebeu outros doutoramentos Honoris Causa, algo que “deixa feliz a UBI”, salienta, uma vez que “é um elemento que faz parte da história da Universidade”.
A homenagem ao poeta António Salvado, natural de Castelo Branco, representa a ligação da UBI à região, destacando quem mais se notabiliza.
“Nós reconhecemos o mérito. António Salvado é uma figura cimeira da cultura e da poesia portuguesa. É da região e, portanto, a UBI honra-se a si mesma quando o distingue com a maior honra que a universidade pode dar”, explica ainda António Fidalgo.
A concessão do grau de Doutor Honoris Causa destina-se a homenagear personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras, de reconhecido mérito nos domínios do ensino, da ciência, da cultura, da arte e das atividades sociais, que tenham contribuído para o engrandecimento de Portugal ou da Universidade. Até hoje, a UBI já atribuiu 15 destas distinções.
Os homenageados
Elisa Pinheiro
Elisa da Conceição Silveira Calado Correia Pinheiro nasceu no Tortosendo, vila do concelho da Covilhã, e é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Atualmente aposentada, foi docente da UBI entre 1987 e 2011, nos departamentos de Engenharia Civil, Sociologia e Letras da Universidade da Beira Interior. É sobretudo reconhecida pelo trabalho desempenhado na institucionalização e direção do Museu de Lanifícios da UBI. Começou por ser responsável pela musealização da área das tinturarias da Real Fábrica de Panos (Polo I) e pela criação do primeiro núcleo do Museu, entre 1978 e 1992. Acompanhou ainda intervenções de reconhecimento e valorização patrimonial de imóveis como a Capela de São Martinho, Convento de Santo António, Real Fábrica de Panos e a Fábrica do Rato.
É atualmente Provedora do Munícipe do Concelho da Covilhã.
Ryszard Kowalczyk
Ryszard Kowalczyk nasceu em Deblin, na Polónia. Fez toda a sua formação académica na área da Engenharia Civil na Universidade de Tecnologia de Varsóvia.
O docente e investigador começou a carreira profissional em 1952, tendo chegado à UBI em 1992, onde foi professor, mais tarde responsável pelo curso de Engenharia civil e Departamento de Engenharia civil. Ao mesmo tempo, produziu investigação na área das estruturas inteligentes, edifícios em altura e betão. Atualmente é docente do Departamento de Arquitetura e Engenharia Civil, na universidade situada em Warszawa, na Polónia.
António Salvado
António Forte Salvado nasceu em Castelo Branco. Licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com uma dissertação final sobre Frei Agostinho da Cruz, em 1959. Exerceu depois a docência em Lisboa, Luanda e Castelo Branco.
Tinha 15 anos quando publicou “Poemas de Alma” e não mais parou, centrando a sua obra em temas do quotidiano beirão (as quadras festivas, o Natal, o Carnaval, ou a Páscoa) ou de abrangência universal como a luz, a noite e o dia, o amor, a natureza, o silêncio, a palavra, a alma, a amizade e o amor.
António Salvado editou ainda uma série de antologias, com elas desempenhando um papel relevante na consolidação e difusão do cânone literário português.
Por tudo o que desenvolveu no campo cultural, a presidência da República Portuguesa concedeu-lhe a Ordem de Santiago da Espada, em 2010, e o Governo português a Medalha de Mérito cultural.
Atualização: 30 maio 2016.