A Transição Digital na Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV), com foco no Passaporte Digital de Produto (DPP), foi o tema do evento promovido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da Universidade da Beira Interior (DCTT-UBI). A sessão realizou-se no âmbito do programa "Roadmap to Sustainability" e teve lugar a 15 de outubro. A iniciativa contou com a presença de entidades e empresas do setor têxtil e do vestuário, bem como de alunos dos cursos de Tecnologia e Produto de Moda Sustentável e de Design de Moda.
O evento teve como convidados Ana Barros e Milton Cabral, do CITEVE, uma instituição de referência no apoio ao desenvolvimento e competitividade da ITV, e como moderador o docente do DCTT-UBI Rui Miguel.
Além das apresentações, a sessão incluiu uma sessão de perguntas e respostas, onde os oradores, empresas e alunos puderam partilhar ideias e discutir as necessidades e os desafios do setor da ITV no que se refere à implementação do Passaporte Digital de Produto.
Surgiram perguntas desafiantes, cujas respostas se enquadraram na regulamentação ainda em construção. Neste processo de vigilância tecnológica e de transferência de conhecimento, as conversas entre a academia, as empresas e as organizações continuarão sob a temática da sustentabilidade.
O Passaporte Digital de Produto integra-se nos objetivos da Comissão Europeia, no âmbito do "Green Deal", para promover decisões de compra mais conscientes na fileira da moda, nas indústrias têxtil e do vestuário, nas marcas e no comércio, entre outros setores muito poluentes.
Esta iniciativa constitui uma autêntica revolução a nível europeu, na qual a UE ainda está a trabalhar nas regras específicas para cada tipologia de produto. Espera-se que, no início do próximo ano, já haja uma definição sobre quais as informações opcionais e quais as obrigatórias no passaporte digital, tanto para a cadeia de abastecimento como para o consumidor final.
O DPP é uma ferramenta essencial no processo de transição digital das empresas têxteis, de vestuário e de marcas, com o objetivo de melhorar a rastreabilidade, sustentabilidade e transparência ao longo da cadeia de abastecimento.
O Passaporte Digital pretende assegurar, a nível europeu, que empresas e consumidores tenham acesso imediato à informação detalhada de cada produto, desde a sua origem, com foco principal no consumo de produtos mais ecológicos.
Este objetivo ganha ainda mais relevância quando se sabe que 70% do vestuário vendido no espaço europeu é importado da Ásia, sendo que uma grande parte não cumpre a legislação europeia em termos de sustentabilidade.
A obrigatoriedade de fazer internamente a reciclagem de todos os artigos têxteis que se produzem ou importam acarreta o risco de acumulação de lixo têxtil. As iniciativas da UE, como o DPP, pretendem constituir uma grande pressão para que as condições de produção e consumo sustentáveis sejam iguais para todos.
O trabalho a desenvolver até 2027 para a implementação do DPP é imenso, tanto para a UE quanto para a fileira da moda, empresas e entidades, o que leva a que as empresas iniciem o mais rápido possível o processo de adaptação. No que diz respeito às entidades, o Passaporte Digital do Produto está a ser considerado no Projeto be@t – Bioeconomia para Têxtil e Vestuário, liderado pelo CITEVE, com a UBI como parceira, juntamente com várias empresas e entidades do sistema científico e tecnológico. O projeto é cofinanciado pelo PRR e representa um investimento global de 138 milhões de euros.