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Recuperação de Património

Paradigma de cidade industrial, a Covilhã foi-se desenvolvendo, desde os seus primórdios, acompanhada pela indústria dos lanifícios, e conserva ainda lugar de destaque na economia nacional como centro de produção laneira. De outros tempos foram ficando diversos monumentos industriais que - acompanhando o curso das ribeiras -, durante largos anos delimitaram o perímetro urbano da cidade e deram lugar a um cenário verdadeiramente singular.

Desde a sua fundação como instituição de ensino superior e até hoje, a Universidade da Beira Interior tem crescido associada a esta tradição, que sempre procurou respeitar e preservar, mantendo viva a sua memória. Desta forma, se o curso de Engenharia Têxtil foi um dos primeiros a serem ministrados pelo Instituto Politécnico da Covilhã (a primeira Instituição a anteceder a Universidade), mais importante foi o facto de este Instituto ter vindo a instalar-se nos antigos edifícios da Real Fábrica de Panos, o que viria, posteriormente, a permitir a recuperação, conservação e musealização da área das suas primitivas tinturarias. Surgia assim, em 1992, o primeiro núcleo do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, que seria aberto ao público em 1996.

A UBI procurou sempre integrar-se na cidade que a acolhe, tendo assumido conscientemente a opção de recuperar e adaptar antigos edifícios fabris para as suas instalações de ensino e investigação. Esta opção surgiu quase de forma natural: por via do esgotamento do modelo económico de mono-indústria que, até à década de setenta do século XX, havia vigorado na cidade, na sequência de uma crise estrutural que já vinha do final dos anos cinquenta, com a perda de competitividade industrial da Covilhã, e face à emergência de novos polos industriais e de novos mercados, a qual culmina com a crise energética de inícios da década de setenta, os amplos edifícios que até então haviam sido o pulsar da cidade, acabam por sucumbir ao abandono. Pelo número de imóveis e respetiva dimensão, a sua inevitável transformação em ruínas cria um forte impacto ambiental sobre o qual era necessário intervir, revitalizando-as em espaços vocacionados para o ensino e a investigação num processo de requalificação urbana sem paralelo na cidade, ao nível dos espaços industriais.

Além da Real Fábrica dos Panos, a UBI integra os edifícios da antiga Empresa Transformadora de Lãs, da Ernesto Cruz e muitos outros, como o antigo Convento de Santo António, onde, até ao século passado, esteve instalada uma manufatura de lanifícios.

Mas não se ficou por aqui: a Universidade elaborou ainda o projeto de recuperação das Ribeiras da Degoldra e Carpinteira, caracterizadas por caudais em declive que outrora faziam acionar as rodas hidráulicas, de propulsão vertical, fundamentais para o funcionamento dos engenhos de cardar e fiar, mas também na lavagem de lãs e acabamento dos tecidos, ao longo das quais se instalaram, desde o século XV, as primeiras oficinas artesanais. Foi assim possível preservar os mais significativos núcleos do património industrial covilhanense.

A edificação do Instituto Politécnico havia começado a ser feita através da recuperação das anteriores instalações do quartel do Batalhão de Caçadores 2, instalado na pombalina Real Fábrica dos Panos, de importante valor arquitetónico, localizada num dos núcleos tradicionais de concentração fabril na Covilhã, junto à Ribeira da Degoldra. Durante as obras de reconversão, em 1975, foram descobertas estruturas arqueológicas que pertenciam às tinturarias da Real Fábrica dos Panos e se encontravam soterradas. Após duas campanhas de intervenção arqueológica e uma ampla investigação, em que se procurou articular informação técnica, arqueológica e histórica, bem como recriar os ambientes que envolveram aqueles que as utilizaram, seria criada a estrutura que daria lugar ao primeiro núcleo do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, aberto ao público em 1996.

Assim, as antigas edificações fabris localizadas na entrada Sul da Covilhã tornar-se-iam, quase naturalmente, não só uma solução lógica e de continuidade no que respeita à expansão física da Instituição, mas uma opção que viria a resultar num enorme benefício para a cidade, em termos urbanísticos e de impacto ambiental, através da recuperação de edifícios abandonados ou em ruínas que constituíam parte significativa do património industrial covilhanense, fazendo da Instituição um caso único na Universidade portuguesa.

A concretização física da Universidade da Beira Interior seria definida pelo Decreto do Governo nº 33/87, de 2 de novembro, em que se estabelecia uma Zona de Expansão e de Proteção com uma área global de cerca de 80 ha, distribuídos por três polos, com os respetivos planos de pormenor. O Pólo I, onde nasceu a Instituição, foi projetado na sua maioria pelo Arquiteto Costa Cabral, e o seu harmonioso conjunto assume-se hoje como o ex-libris da Universidade.

Com grande visão estratégica e enorme perseverança, o Reitor Passos Morgado dá início, em finais da década de 80, ao processo de aquisição de um conjunto de edifícios e terrenos, nos diversos polos, que constituem a base sobre a qual se aplicaria grande parte do Plano de Desenvolvimento estabelecido para a Universidade. Entre as propriedades mais emblemáticas, são se salientar o Convento de Santo António, no Pólo II, destinado à Reitoria, o palacete da Família Melo e Castro, os edifícios da Fábrica do Rato, da Fábrica dos Tapetes, da Fábrica do Moço, da Fábrica Paulo Oliveira e da Empresa Transformadora de Lãs. Foi ainda adquirida a antiga residência da Família Mendes Veiga, onde funcionaram os Serviços Municipalizados da Covilhã, que hoje acolhe a Biblioteca Central da Universidade, após concretização do projeto elaborado pelo Arquiteto Bartolomeu Costa Cabral.

Na década de 90, optar-se-ia por expandir a Universidade para o extremo Norte da cidade, junto à Ribeira da Carpinteira, onde viria a ser criado o Pólo IV, alterando a localização inicialmente prevista no Plano de Desenvolvimento para algumas das Unidades.

Depois de 1996, sendo Reitor o Prof. Manuel dos Santos Silva, os espaços físicos da UBI praticamente duplicaram, atingindo, em 2004, uma área construída de 134.500 m2, que permitiu alojar, definitivamente, as Unidades de Engenharia e de Ciências Sociais e Humanas e a Biblioteca Central. Também em 2004 se iniciaram as obras de construção da Faculdade de Ciências da Saúde, no Pólo III, cumprindo-se o programa de instalação das infraestruturas do curso de Medicina.

Graças ao talento e à arte dos arquitetos que colaboraram na construção da Universidade da Beira Interior, os espaços ocupados pela Instituição respiram juventude e representam uma homenagem a empresários, trabalhadores e suas famílias, base sólida da construção do futuro, simbolizando o respeito por uma memória histórica que deve ser preservada.

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