A Academia Júnior de Ciências (ACJ), uma iniciativa da Universidade da Beira Interior dirigida aos estudantes do 12.º ano do Ensino Secundário, promove a Palestra “SALVIA SCLAREOIDES, uma nova esperança para prevenção da demência – da natureza ao laboratório”. Amélia Pilar Rauter, do Centro de Química Estrutural da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é a palestrante.
A sessão está agendada para dia 26 de novembro (sexta-feira), com início às 15h00, e pode ser acompanhada online, através da plataforma Zoom.
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Título: SALVIA SCLAREOIDES, uma nova esperança para prevenção da demência – da natureza ao laboratório
Resumo: O estudo de plantas medicinais de utilização tradicional continua a ser um desafio para a comunidade científica, no sentido de descobrir quais são os princípios ativos responsáveis pelos seus benefícios para a saúde e de dar um suporte científico à sua aplicação e valorização. Nesta palestra apresenta-se um caso de sucesso na investigação de uma planta medicinal da vegetação espontânea portuguesa, a Salvia sclareoides. O seu estudo envolve a extração de produtos naturais e conduz à confirmação científica do seu potencial a nível biológico e terapêutico, e a descoberta do seu princípio ativo, a rivastigmina. É apresentada a potente atividade dos seus extratos como inibidores de acetilcolinesterase, uma enzima que transforma o neurotransmissor acetilcolina em colina e acetato. A sua inibição é uma forma de tratamento dos pacientes da doença de Alzheimer, pelo que a descoberta destes extratos naturais e não tóxicos com esta bioatividade, bem como do seu princípio ativo, se reveste da maior importância. Relativamente a este último, é apresentada a tecnologia que permitiu descobrir que atua num centro ativo da enzima até à data desconhecido, o que potencia a continuação do seu estudo para a descoberta de novos fármacos. O seu princípio ativo interatua também com o péptido amiloide Aβ e seus agregados, espécies muito tóxicas, que dão origem à formação de placas senis que interrompem a comunicação entre neurónios e provocam a atrofia neuronal típica da doença de Alzheimer. O extrato de butanol, rico em rivastigmina, demonstrou também interatuar com a proteína prião, a qual interatua com os oligómeros Aβ, participando no processo de sinalização molecular que resulta na híper fosforilação da proteína tau, outro fator característico nesta patologia degenerativa.
Esta palestra apresenta uma investigação interdisciplinar envolvendo domínios da química, biologia e bioquímica e permite reconhecer a sua importância para o conhecimento científico, que justifica a utilização tradicional da planta. De realçar é ainda a descoberta de aspetos inovadores, que inspiram a investigação para novas abordagens de tratamento multialvo da doença de Alzheimer.