A campanha de vacinação arranca na segunda-feira para 54 mil portugues: profissionais imprescindíveis ao funcionamento do País e grávidas doentes. Até ao final do ano deve começar a ser imunizado o segundo grupo prioritário, que inclui um milhão de pessoas, e a maior parte dos doentes crónicos. Só depois, e após o pico do Inverno, chega a vez das crianças.
As crianças saudáveis só serão vacinadas contra o H1N1 depois do pico do Inverno e da tradicional época de gripe, em Fevereiro ou Março, já que estão fora das primeiras duas fases da campanha de vacinação. E caso as doses não cheguem, apenas serão protegidas as crianças até cinco anos. Aliás, o Grupo 3, o último a ser imunizado, é o que inclui mais pessoas - mais de milhão e meio, revelou ontem a ministra Ana Jorge. A campanha arranca já na segunda-feira, com 54 mil doses disponíveis.
Portugal encomendou três milhões de vacinas (seis milhões de doses) e receberá as tranches de acordo com a dimensão da encomenda, explica fonte do fabricante, a GlaxoSmithKline (GSK). E a ministra Ana Jorge admite que o País está dependente da capacidade de fornecimento da farmacêutica.
Assim, até ao final do ano, Portugal deve receber um milhão de doses, que chegam para vacinar apenas 500 mil pessoas: o Grupo 1, que inclui cerca de 350 mil portugueses; e os primeiros doentes crónicos do Grupo 2, que tem cerca de um milhão. Por enquanto, as autoridades internacionais recomendam o uso de duas doses, mas se isso mudar a campanha será alargada.
Segundo o director-geral da Saúde, Francisco George, optou-se por este número por se considerar que era o suficiente para proteger "os 5% de população que desenvolvem actividades relevantes para o País" e os mais vulneráveis, reduzindo "a ocorrência de casos graves". As crianças saudáveis, apesar de terem mais hipóteses de contrair a infecção, como mostram as estatísticas internacionais, geralmente superam a doença, explicou, pelo que são imunizadas depois dos doentes crónicos.
Entretanto, já chegaram ao País as primeiras 54 mil doses - mais cinco mil do que estava previsto. Nos próximos quinze dias, segundo as estimativas do Ministério, serão vacinados 15 mil profissionais de saúde, quase 30 mil trabalhadores imprescindíveis ao País, incluindo os titulares de órgãos de soberania como o Presidente da República, e ainda cerca de 10 mil grávidas com problemas de saúde.
As doses serão distribuídas pelo circuito normal do Plano Nacional de Vacinação, explicou Ana Jorge, e devem chegar à maioria dos centros de saúde. A logística é organizada pelos agrupamentos, já que cada frasco contém dez doses e depois de aberto tem uma validade de 24 horas. Assim, é necessário concentrar utentes para usar um frasco em tempo útil.
As empresas e serviços de saúde, por seu lado, tiveram de enviar listas dos profissionais indispensáveis à Direcção-Geral de Saúde (DGS) para receberem os certificados que dão acesso à vacina. Os trabalhadores também serão vacinados nos centros de saúde, excepto nos casos em que as empresas têm capacidade para administrar a vacina nos seus serviços.
A próxima remessa de vacinas chega daqui a duas semanas, já que foram acordadas entregas quinzenais, e deve ter mais de 50 mil doses. A ministra espera que, em breve, as entregas aumentem até às 300 mil doses por quinzena e garante que os centros de saúde têm capacidade para administrar esse número. Isso pode, no entanto, obrigar à reorganização e alargamento de alguns horários. Graça Freitas lembra que todos os meses são dadas mais de 300 mil vacinas sem esforços adicionais.
Diário de Notícias