A maioria das pessoas gasta cerca de 90% do seu tempo em espaços fechados, nas suas próprias casas e locais de trabalho, estudo e lazer. Portanto, são determinantes para a saúde as condições interiores dessas edificações, por exemplo, a temperatura, humidade, ruído, qualidade do ar interior e materiais de construção. A equipa do Laboratório de Saúde na Edificação da Universidade da Beira Interior (LABSED-UBI), investiga todos estes aspetos para obter um ambiente mais saudável.
“As novas maneiras de construir e preocupações como a eficiência térmica resultaram em uma maior impermeabilização das edificações; assim, uma insuficiente renovação do ar interior representa um risco para a saúde porque se acumulam elementos nocivos”, ilustra João Lanzinha, o coordenador do LABSED.
Junto com essa falta de ventilação, os materiais sintéticos para o revestimento do chão, o papel de parede, pinturas e materiais utilizados para isolar, que geralmente contêm uma forte presença de derivados do petróleo, podem contribuir para a prevalência de algumas doenças, de acordo com os especialistas. Além disso, o desconforto térmico ou o ruído são outros fatores de risco importantes, especialmente para determinadas faixas etárias, como crianças e idosos.
Tudo isso faz com que o estudo do ambiente interior tenha um interesse crescente. Para além das características de cada edificação, os fatores que determinam a sua influência sobre a saúde das pessoas são a sua relação com o ambiente exterior e o modo como os espaços habitáveis são utilizados, o que depende em grande parte do comportamento dos seus ocupantes. Para analisar esses fatores, a equipa de LABSED realiza pesquisas e presta serviços especializados a fim de avaliar os riscos potenciais para a saúde e a segurança dos ocupantes das habitações em uso.
Aliás, os investigadores da Universidade da Beira Interior estão a analisar atualmente as condições de conforto dos lares de idosos e creches. Um outro estudo em engenharia civil tenta estabelecer uma metodologia para avaliar o risco para a saúde dos ocupantes das casas. Entre os objetivos do LABSED também está a colaboração na implementação de um amplo consórcio internacional, ainda em fase de avaliação, para investigar “o habitat do homem moderno, o ambiente interior”, onde está programada a participação de outros especialistas portugueses da UBI, Porto e Aveiro, além de investigadores do Japão e dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, o laboratório coordenado por João Lanzinha dispõe de um avançado equipamento de medição acústica que lhe permite explorar outras linhas de investigação, para além das questões diretamente relacionadas com a saúde. Uma delas é o comportamento acústico das igrejas, que foi recentemente estudado no Convento de São Bento de Cástris, em Évora, com o objetivo de definir uma metodologia para tais estudos e tirar conclusões sobre a organização espacial e construtiva de interiores e o seu comportamento acústico.