A Universidade da Beira Interior (UBI) distinguiu o projeto ORALCARE com o Prémio Inovação UBI/Caixa Geral de Depósitos (CGD), na sua primeira edição. O trabalho é liderado pela docente e investigadora Carla Cruz e propõe encontrar uma resposta inovadora para o tratamento de lesões orais provocadas por infeções do vírus do papiloma humano (HPV).
O ORALCARE – Smart nanoparticle formulation to treat Human Papilloma Virus-induced oral lesions pretende desenvolver uma formulação baseada em nanopartículas inteligentes com aplicação na boca, permitindo uma intervenção localizada, eficaz e não invasiva nas lesões pré-cancerígenas, um problema para o qual ainda não existe uma terapêutica eficaz. A proposta tem potencial de mercado, contando com a colaboração multidisciplinar com o CITAB-UTAD, a Unidade Local de Saúde da Cova da Beira, o IPO-Porto e a empresa LabFit.
“Em termos de potencial, achamos que a estratégia é inovadora porque até ao momento não encontrámos nenhuma estratégia terapêutica para tratar o HPV, na cavidade bocal, nomeadamente aquelas lesões iniciais que progridem para cancro. Se o conseguirmos, estaremos a fazer algo que vai ter impacto, que poderá melhorar a condição de vida das pessoas que têm infeção”, afirmou Carla Cruz, docente e investigadora do Departamento de Química, sublinhando o compromisso com soluções científicas que impactem a vida das pessoas.
Com a atribuição deste prémio, o projeto ORALCARE recebe um valor de 5.000 euros, que permitirá alimentar o desenvolvimento da investigação. A competição foi criada na sequência do protocolo entre a Universidade e a Caixa Geral de Depósitos, para reconhecer e apoiar projetos com impacto societal, económico e tecnológico, reforçando o papel da universidade na valorização da criação de conhecimento. O montante tem como objetivo potenciar o desenvolvimento de projetos em curso e estimular a continuidade das linhas de investigação mais promissoras.
Sílvia Socorro, Vice-Reitora para a Investigação, Inovação e Desenvolvimento da UBI, destacou que esta distinção é um momento que permite “dignificar e exaltar aquilo que é a ciência que se faz na Universidade”, referindo ainda que “o prémio tem esse objetivo, de premiar a investigação que se destaca pelo impacto para a sociedade, valorizando a sustentabilidade, a cidadania e a inclusão, a cultura e o património, a saúde e as novas tecnologias e transição digital”.
O Prémio vem na sequência de outras iniciativas lançadas pela UBI nos últimos anos para apoiar a investigação, com Sílvia Socorro a destacar o Prémio Jovem investigador, que já vai na sua terceira edição.
A cerimónia de entrega, que decorreu no dia 19 de maio, foi também um momento para reforçar a importância da ligação entre investigação e inovação. O Reitor da UBI, Mário Raposo, com uma carreira científica ligada ao empreendedorismo, desafiou a academia a continuar a aposta na inovação.
“Hoje em dia, as universidades têm o papel importante de transferir conhecimento para a sociedade. A investigação só se transforma em inovação quando nós perspetivamos que ela consiga ter valor para o mercado”, afirmou, lembrando que a missão da UBI também passa por gerar valor económico e social a partir da ciência.
O Reitor aproveitou para agradecer o patrocínio da CGD, que, através do mecenato, possibilitou “que se atribuíssem prémios a várias áreas, de vários contextos” e elogiar o trabalho da premiada: “Dou os parabéns a Carla Cruz, cuja qualidade de trabalho não é novidade nenhuma, porque é uma das nossas docentes com um desempenho extraordinário nesta área”.
A primeira edição do prémio contou com 11 candidaturas de elevado nível, avaliadas por um júri externo.