O projeto de um sistema de coleta de CO2 nas chaminés das indústrias de cal e centrais de biomassa, desenvolvido na Universidade da Beira Interior (UBI), é um dos vencedores da mais recente edição do concurso Promove Regiões Fronteiriças 2019, promovido pela Fundação La Caixa/BPI. A ideia CO2LLECT foi desenvolvida pelos estudantes do Mestrado Integrado em Arquitetura, Janine Ayoub e Mantas Sevelkovas, e pelo Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia, João Castro Gomes, tendo sido selecionada pelas características inovadoras, potencial de replicabilidade e capacidade de contribuir para o desenvolvimento das regiões fronteiriças de Portugal.
O projeto propõe a instalação de um filtro coletor de CO2 diretamente nas chaminés das indústrias. O gás carbónico será coletado através desse filtro que funciona recorrendo à própria produção industrial, sendo direcionado para um armazenamento seguro, para depois ser distribuído para outras utilizações. A empresa poderá capitalizar o dióxido de carbono natural no mercado, vendendo-o para as indústrias de fabricação de pasta dentífrica, cerveja e combustíveis. Pode ainda ser utilizado para produtos de saúde, para a conservação de alimentos ou no combate aos incêndios, entre outras aplicações.
As empresas que instalem os filtros poderão ainda beneficiar de redução de impostos, tornarem-se mais sustentáveis, melhorarem a imagem pública e contribuírem para o aumento da qualidade de vida da população que vive próxima da indústria, além de promoverem o combate ao aumento do efeito de estufa no planeta.
“Esta ideia, quando comparada com outras soluções de captura de CO2, é mais eficiente, permitindo a recuperação de todo o CO2 emitido, que, por sua vez, pode ser reutilizado em outras indústrias, nomeadamente na produção de materiais de construção, de acordo com tecnologia DARKCO2 que já foi premiada e patenteada na UBI”, explica João Castro Gomes, que integra o Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura.
O docente, que é também coordenador científico da unidade de Investigação C-MADE - Centre of Materials and and Building Technologies, acrescenta que, “por outro lado, o sistema CO2LLECT é mais ecológico, pois não necessita de ocupar grandes áreas que podem ser utilizadas para vegetação autóctone, também não utiliza água, conservando os recursos hídricos e não afetando a fauna e a flora da natureza, preservando a biodiversidade e aumentando a qualidade de vida das pessoas”.
De acordo com o previsto no regulamento de Atribuição do Prémio, segue-se agora a fase de apresentação de um plano de pré-viabilidade de transformação da ideia em projeto, com a equipa do CO2LLECT a ter já assinado um compromisso para desenvolver este plano, nos próximos meses.
Esta não é a primeira vez que os três elementos da UBI conquistam o reconhecimento em concursos relacionados com o tema da sustentabilidade. Os autores da ideia, Janine Ayoub e Mantas Sevelkovas, foram vencedores do Prémio We Are Water do Concurso One Day Design Challenge, 3ª edição em Portugal. O mentor da candidatura, João Castro Gomes, que desenvolve investigação em cimentos e materiais que absorvem e endurecem com CO2, conquistou o primeiro prémio Climatelaunchpad Global, em 2018, organizada pela EIT Climate-KIC e do primeiro prémio da Fundação Manuel António da Mota, também em 2018.